A NATUREZA PROVA A EXISTÊNCIA DE DEUS – Francis Turretin

A Natureza prova o ser de Deus desde que ela proclama que não está sozinha, mas que é de outro e que não poderia ser sem outro. Porque se é certo e sem dúvida que do nada, nada se é feito, e que nada pode ser a causa de si mesmo (porque então seria antes e depois de si mesmo), é também certo que nós devemos garantir que algum ser primeiro e não criado de quem todas as coisas são, mas que ele mesmo não é de ninguém. Pois, se todo ser é criado, seja criado a partir dele mesmo ou por algum outro, não por si mesmo porque (como eu acabei de dizer) nada pode ser a causa de si mesmo, não por outro porque então se seguiria que poderia existir uma série infinita em produção de causas ou que um círculo seria criado, ambos insustentáveis. Porque quanto ao círculo, isso evidentemente não pode ser certo desde que naquelas coisas criadas há sempre uma última coisa que não pode ter sido feita por nenhuma outra coisa. Assim, tal círculo é impossível, porque se supormos como verdade, se seguiria que a mesma coisa, foi criada por si mesma e era a causa (mediata no mínimo) de si mesma. Nada poderia ser mais absurdo.
Tampouco pode uma infinita série de causas criadoras ser permitida porque nas causas deve existir necessariamente alguma ordem quanto às posteriores e anteriores. Mas uma série de causas criadoras rejeita toda ordem, porque então nenhuma causa poderia ser a primeira, mas sim todas seriam médias, tendo algumas causas precedentes.  De fato, não haveria causas que permitam não ter uma infinitude de causas superiores antes dela mesmo (que é impossível [asystaton]).  Se houvessem causas infinitas antes de cada e todas as causas, antes de toda a multidão e coleção de causas haveria infinitas causas e assim a coleção não seria total. De novo, se a causa primeira nunca pode ser alcançada por ascendência dos efeitos para a causa, então o efeito último nunca poderá ser alcançado em descendência  da causa para os efeitos. Pois, o infinito não pode ser percorrido mais por ascendente que por descendente. Então nós devemos necessariamente parar em alguma causa que é então a primeira como não reconhecendo um superior. Assim essa série de causas poderia não ser in infinitum, mas ad infinitum na qual ela será terminada.1

  1. TURRETIN, F. Institutes of Elenctic Theology, trans. George Musgrave Giger, ed. James T. Dennison, Vol. 1, Phillipsburg, New Jersey: Presbyterian and Reformed Publishing, 1992, p. 170. ↩︎

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