O Sabbat no Cristianismo

Uma Pesquisa Quanto ao Dia do Senhor nas diversas tradições Antigas, Reformadas-Puritanas e Tradicionais

Igreja Primitiva

A Igreja Primitiva não teve formação sistemática transmitida nas cartas quanto à guarda do Dia do Senhor. Mas há passagens que indicam a posição doutrinária e prática da Igreja do Novo Testamento no assunto:

Não era mais observado no sétimo dia, pois era uma sombra de Cristo e da Nova Aliança

Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.

Colossenses 2:16-17

A ressurreição de Jesus, suas aparições e o derramamento do Espírito Santo ocorreram todos no primeiro dia:

E no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado, e algumas outras com elas.
Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galiléia,”

Lucas 24:1, 6

Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco.”

João 20:19

E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar;”

Atos 2:1

A Prática Comum da Igreja, de forma geral, era de se reunir no Domingo para Cultuar, o que envolvia a Ceia, visto que agora não tinha mais mandamento de Dia Específico para cear, entenderam que o padrão era cear a cada Sabbath (Dia do Senhor):

“E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e prolongou a prática até à meia-noite.”

Atos 20:7

A Igreja de Corinto se reunia dominicalmente, e então deveria também nesse dia de reunião (culto), juntar as ofertas:

“No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar.”

1 Coríntios 16:2

Paulo já tinha ordenado o mesmo às igrejas da Galácia, o que demonstra uma certa “catolicidade”, ou coisa comum entre todas as igrejas

“Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia.”

1 Coríntios 16:1

As reuniões ou ajuntamentos fixos da Igreja eram para Culto

“Que fareis pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.”

1 Coríntios 14:26

E a cada Domingo, eles também celebravam a Ceia do Senhor, chamando o culto até de Reunião para partir o pão

“De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor.”

1 Coríntios 11:20

O autor de Hebreus explica que o motivo teológico disso era  a transição do antigo Sabbath no dia sétimo, para o novo Sabbath no dia primeiro, ou no oitavo dia, na nova semana, pois falando de descanso, ele muda o termo e faz certo trocadilho com Josué e Jesus, e diz:

Portanto, resta ainda um repouso[sabbatismo] para o povo de Deus.

Hebreus 4:9

Por fim, João ao usar o termo “Dia do Senhor” para pontuar o dia em que ele recebeu a “Revelação do Apocalipse”, deixa claro que esse dia era conhecido e comum entre o povo de Deus, tido como dia especial pelos cristãos:

Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta,

Apocalipse 1:10

Assim temos as seguintes informações quanto ao Dia do Senhor na Igreja Primitiva:

  1. Veio da Doutrina Apostólica.
  2. Era um Dia de Guarda Especial.
  3. Não era no Sétimo Dia, mas sim no Primeiro Dia. 
  4. Não era apenas local. Era conhecido por toda a cristandade.
  5. Estava relacionado com a ressurreição de Jesus.
  6.  Estava relacionado com Deus falando e revelando.
  7. A sua guarda envolvia cultuar a Deus, cear e ajudar os irmãos
  8. A sua guarda indica deixar o trabalho e as atividades comuns 

Igreja nos séculos 2-4

Inácio de Antioquia na Carta aos Magnésios fala que a Igreja não mais observava a antiga ordem (sétimo dia da antiga aliança), mas sim o Dia do Senhor

9. 1 Assim os que andavam na velha ordem das coisas chegaram à novidade da esperança, não mais observando o sábado, mas vivendo segundo o dia do Senhor, no qual nossa vida se levantou por Ele e por Sua morte, embora alguns o neguem. Mas é por esse mistério, que recebemos a fé e por êle é que perseveramos, para sermos de fato discípulos de Jesus Cristo nosso único mestre. 

Também na Didaqué:

14.1 Reúna-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer após ter confessado seus pecados, para que o sacrifício seja puro.

E por Justino Mártir na sua apologia, demonstrando e defendendo a fé cristã comum, ao falar da Reunião Dominical:

Celebramos essa reunião geral no dia do sol, porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em que Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Com efeito, sabe se que o crucificaram um dia antes do dia de Saturno e no dia seguinte ao de Saturno, que é o dia do Sol, ele apareceu a seus apóstolos e discípulos, e nos ensinou essas mesmas doutrinas que estamos expondo para vosso exame.

E a mesma doutrina é encontrada por outros mais, como João Crisóstomo, Agostinho de Hipona  e Gregório, o Grande. Assim como era dito que os cristãos eram descobertos após serem perguntados se eles “Guardavam o Domingo”, e eles responderem afirmamente que sim.

Igreja Apostólica Católica Romana

Na Era Medieval (Séc 5-15), a posição da ICAR no período Medieval via tanto um dever de participar do culto, quanto de cessar o trabalho/atividades servis, exceto as necessárias para a sociedade, mas sem qualquer impedimento quanto às recreações, como é demonstrado nessa obra de São Boaventura do séc 13:

3.Note-se que o Espírito Santo foi quem escreveu as tábuas, pois o dedo de Deus significa o Espírito Santo, que com suma diligência assentou por escrito todos os preceitos, cuidando em preservar a integridade e a completude dos mandamentos. Neste mandamento em particular, o Legislador manda algo, concede algo e proíbe algo. Manda santificar o dia do Sábado: Lembra-te de santificar o dia de Sábado. A santidade se dá quando a alma se converte ao Deus santo, ao Deus verdadeiro, ao Deus sumamente amável. No mandamento, concede algo: Trabalharás durante seis dias, e farás neles todas as tuas obras; e proíbe algo, o trabalho servil: não farás nele obra alguma, etc. Eis o repouso perfeito, que manda uma boa obra e proíbe as obras servis.

9. Chamo obras servis às obras mecânicas, que são sete: a agricultura, que compreende todas as formas de cultivo da terra; o lanifício, que compreende todas as obras e atividades [para a produção] de vestimentas; as artes fabris, como os trabalhos com matéria de ferro, metal, pedra ou madeira; a caça, que compreende o trabalho de padeiro e cozinheiro e todas as formas de preparação de comida; a medicina, que é a arte de preparar temperos medicinais, sopas e coisas similares; a navegação, que compreende todo o trabalho dos marinheiros e toda sorte de comércio; e o teatro, que compreende toda forma de brincadeiras e diversões. 10. Dentre todas essas atividades, algumas são meramente servis, algumas atendem a uma necessidade permanente, e outras se destinam somente à diversão. As atividades meramente servis são proibidas pela Igreja; as que atendem a uma necessidade permanente – como as que se destinam à conservação da vida e da saúde – são permitidas, enquanto atendem a uma necessidade, e são proibidas, enquanto servis. Já as atividades destinadas à mera diversão são permitidas, e não são proibidas [sob nenhum aspecto]. A Igreja no-las permite por causa de nossas inclinações.

No Catecismo da ICAR hoje, pós vaticano 2°, nós encontramos:

Quando celebrar? / 2: O Dia do Senhor (CIC 1166-1167)

Todo o ano litúrgico está marcado pelo ritmo regular da sucessão dos domingos em que a Igreja, ao longo dos séculos, reúne-se em assembléia litúrgica para celebrar o Mistério pascal de Cristo. “O Domingo é por excelência o dia da assembleia litúrgica, dia em que os fiéis se reúnem” (Catecismo da Igreja Católica [CIC], 1167).

O DIA DA RESSURREIÇÃO: A NOVA CRIAÇÃO

2174. Jesus ressuscitou de entre os mortos “no primeiro dia da semana” (Mc 16, 2) (89). Enquanto “primeiro dia”, o dia da ressurreição de Cristo lembra a primeira criação. Enquanto “oitavo dia”, a seguir ao sábado (90), significa a nova criação, inaugurada com a ressurreição de Cristo. Este dia tornou-se para os cristãos o primeiro de todos os dias, a primeira de todas as festas, o dia do Senhor (Hê kuriakê hêméra, dies dominica), o “Domingo”.

A posição católica segue vendo um dever de participar do culto e de cessar o trabalho/atividades servis, porém de forma mais amenizada

2180. O mandamento da Igreja determina e precisa a lei do Senhor: “No domingo e nos outros dias festivos de preceito, os fiéis têm obrigação de participar na missa” (102). “Cumpre o preceito de participar na missa quem a ela assiste onde quer que se celebre em rito católico, quer no próprio dia festivo quer na tarde do antecedente” (103).

2185. Aos domingos e outros dias festivos de preceito, os fiéis abstenham-se de trabalhos e negócios que impeçam o culto devido a Deus, a alegria própria do Dia do Senhor, a prática das obras de misericórdia ou o devido repouso do espírito e do corpo (107). 

Assim também como um direito de descansar fisicamente no dia e ter lazer:

A instituição do Dia do Senhor contribui para que todos gozem do tempo de descanso e lazer suficiente, que lhes permita cultivar a vida familiar, cultural, social e religiosa (106).

E para ficar com a família e ajudar os mais necessitados, por meio de boas obras:
Os cristãos que dispõem de tempos livres lembrem-se dos seus irmãos que têm as mesmas necessidades e os mesmos direitos, e não podem descansar por motivos de pobreza e de miséria. O domingo é tradicionalmente consagrado, pela piedade cristã, às boas obras e aos serviços humildes dos doentes, enfermos e pessoas de idade. Os cristãos também santificarão o domingo prestando à sua família e vizinhos tempo e cuidados difíceis de prestar nos outros dias da semana. O domingo é um tempo de reflexão, de silêncio, de cultura e de meditação, que favorecem o crescimento da vida interior e cristã.

Protestantismo

Os Luteranos

Lutero e os seguidores da sua escola não viam o Dia do Senhor como algo necessário, como o mandamento tendo continuado, e apenas o dia mudado, mas que o quarto mandamento em si cessou, como é dito na Confissão de Fé de Augsburgo:

Pois erram muito os que julgam que a observância do domingo em lugar do sábado foi estabelecida como necessária. A Sagrada Escritura ab-rogou o sábado e ensina que depois da revelação do evangelho podem omitir-se todas as cerimônias da lei antiga.

Mas que antes isso veio da necessidade de se reunir em um dia da semana e por liberdade cristã:

Contudo, visto que era necessário estabelecer um dia determinado, a fim de que o povo soubesse quando devia reunir-se, a igreja cristã destinou o domingo para esse fim, e tanto mais agrado e disposição teve relativamente a tal mudança, para que o povo tivesse um exemplo da liberdade cristã e se soubesse que nem a guarda do sábado nem de qualquer outro dia é necessária.

Que se deve pensar, então, do domingo e de similares ordenanças e cerimônias eclesiásticas? A isso respondem os nossos que os bispos ou pastores podem fazer ordenações para que as coisas sejam feitas com ordem na igreja, não a fim de com elas alcançar a graça de Deus, também não a fim de por elas satisfazer pelo pecado ou obrigar as consciências a que as tenham na conta de cultos necessários e a julgar que pecam quando deixam de observá-las sem escândalo. Assim São Paulo ordenou em Coríntios que as mulheres velem a cabeça na congregação e que os pregadores não falem todos ao mesmo tempo na assembléia, mas ordenadamente, um após outro.

Embora pela necessidade de cultuar, pelo menos um dia deva ser separado para culto, o Domingo, ou outro dia, como Lutero diz no Catecismo Maior:

Mas isso deveria de fato ser feito diariamente; entretanto, uma vez que as massas não podem atender tal coisa, deve haver pelo menos um dia na semana para separar para isso. E uma vez que o antigo Domingo [O Dia do Senhor] foi apontado para esse propósito, nós continuamos o mesmo, de modo para que tudo seja feito  de forma harmoniosa, e ninguém crie desordem por inovação desnecessária.

E que pela necessidade comum da massa, é útil a existência de um Dia de Descanso e dos dias de festas:

Note que nós guardamos dias santos não por causa dos Cristãos inteligentes e cultos (porque eles não precisam de dias santos), mas primeiro de tudo pelas causas corporais e necessidades, que a natureza nos ensina e requer; porque o povo comum, servos e servas, que tem que atender aos seus trabalhos e comércios a semana toda, para que um dia eles possam se retirar de forma a descansar e serem atualizados.

Anglicanos

A posição anglicana confessional tem o mesmo tom católico, já presumindo a guarda do Dia do Senhor, demonstrado no Livro de Oração Comum:

E se no Dia do Senhor ou no dia de festa, o povo estiver negligente para vir para a Comunhão: Então o Sacerdote deve exortar os párocos com sinceridade, para dispor a se mesmos para receberem da santa comunhão mais diligentemente, dizendo palavras iguais ou parecidas a eles. 

Igrejas Reformadas da Europa

A posição das Igrejas Reformadas da Suíça, Escócia, França e Polônia era da continuidade do Sabbat, implicando na guarda do Domingo, pelo culto a Deus, pelo descanso físico dos trabalhos servis, e para ajudar o próximo, especialmente irmãos da fé. Nada é dito explicitamente quanto as recreações, na 2 Confissão de Fé Helvética:

O Dia do Senhor. 

Por isso vemos que nas igrejas antigas não havia apenas certas horas da semana destinadas às reuniões, mas que também o Dia do Senhor, desde o tempo dos apóstolos, fora separado para as mesmas, e para o santo repouso, prática essa, acertadamente preservada por nossas igrejas para fins de culto e serviço de amor. 

Reformados Continentais

A posição das Igrejas Reformadas Continentais demonstrada pelas 3 Formas de Unidade é bem simples, afirmando a guarda do Dia do Senhor principalmente pelo culto a Deus e por focar nas atividades espirituais:

103. O que Deus ordena no quarto mandamento?

R. Primeiro: o ministério do Evangelho e as escolas cristãs devem ser mantidos1 , e eu devo reunir-me fielmente com o povo de Deus, especialmente no dia de descanso2, para conhecer a palavra de Deus3 , para participar dos sacramentos4 , para invocar publicamente ao Senhor Deus 5 e para praticar a caridade cristã para com os necessitados6. Segundo: eu devo, todos os dias da minha vida, desistir das más obras, deixando o Senhor operar em mim, por seu Espírito. Assim começo nesta vida o descanso eterno7.

1 1Co 9:13,14; 1Tm 3:15; 2Tm 2:2; 2Tm 3:14,15; Tt 1:5; 2 Lv 23:3; Sl 40:9,10; Sl 122:1; At 2:42,46; 3 1Co 14:1,3; lTm 4:13; Ap 1:3; 4. At 20:7; 1Co 11:33; 5. 1Co 14:16; 1Tm 2:1-4; 6. Dt 15:11; 1Co 16:1,2; 1Tm 5:16; 7. Hb 4:9,10.

Porém, devido à necessidade, os pontos específicos quanto ao Sabbath foram adicionados num documento anexo aos Cânones de Dort, afirmando também o cessar do trabalho e das recreações que possam atrapalhar o culto, no Anexo aos cânones de Dort:

6. Que o Dia deve ser consagrado à adoração divina, que deve ter um cessar de toda obra servil, exceto daquelas que são feitas por conta de alguma necessidade presente, e de tais recreações que são discordantes [interferem] com a adoração a Deus.

Puritanos (Presbiterianos, Congregacionais e Batistas Particulares)

A posição das 3 grandes confissões puritanas, Batista Particular, Congregacional e Presbiteriana são iguais no assunto. Afirmando a guarda do Sabbath no Domingo, primeiramente pelo culto a Deus, e depois pelo cessar do trabalho e das recreações. 

Presbiterianos

Na Confissão de Fé de Westminster:

VII. Como é lei da natureza que, em geral, uma devida proporção do tempo seja destinada ao culto de Deus, assim também em sua palavra, por um preceito positivo, moral e perpétuo, preceito que obriga a todos os homens em todos os séculos, Deus designou particularmente um dia em sete para ser um sábado (descanso) santificado por Ele; desde o princípio do mundo, até a ressurreição de Cristo, esse dia foi o último da semana; e desde a ressurreição de Cristo foi mudado para o primeiro dia da semana, dia que na Escritura é chamado Domingo, ou dia do Senhor, e que há de continuar até ao fim do mundo como o sábado cristão.

VIII. Este sábado é santificado ao Senhor quando os homens, tendo devidamente preparado os seus corações e de antemão ordenado os seus negócios ordinários, não só guardam, durante todo o dia, um santo descanso das suas próprias obras, palavras e pensamentos a respeito dos seus empregos seculares e das suas recreações, mas também ocupam todo o tempo em exercícios públicos e particulares de culto e nos deveres de necessidade e misericórdia.

Ex 20:8-11; Gn 2:3; I Co 16:1-2; At 20:7; Ap 1:10; Mt 5: 17-18, Ex 16:23-26,29:30 e 31:15-16; Is 58:13.

No Catecismo Maior de Westminster:

117. Como deve ser santificado o Sábado ou Dia do Senhor (=Domingo)?

O Sábado, ou Dia do Senhor (=Domingo), deve ser santificado por meio de um santo descanso por todo aquele dia, não somente de tudo quanto é sempre pecaminoso, mas até de todas as ocupações e recreios seculares que são lícitos em outros dias; e em fazê-lo o nosso deleite, passando todo o tempo (exceto aquela parte que se deve empregar em obras de necessidade e misericórdia) nos exercícios públicos e particulares do culto de Deus. Para este fim havemos de preparar os nossos corações, e, com toda previsão, diligência e moderação, dispor e convenientemente arranjar os nossos negócios seculares, para que sejamos mais livres e mais prontos para os deveres desse dia.

Ex 16:25,26;20:8,10; Lv 23:3; Is 58:13,14; Ne 13.19; Jr 17:21,22; Mt 12:1-14; Lc 4:16;23:54-56; At 20:7.

Congregacionais

7. Como é a lei da natureza, que, em geral, uma proporção do tempo, pelo desígnio de Deus, seja destinada ao culto de Deus; assim, pela Palavra, em um preceito positivo, moral e perpétuo, ordena a todos os homens em todas as eras, Ele particularmente nomeou um dia em sete para um descanso, para ser-Lhe santificado; e, desde o início do mundo até a ressurreição de Cristo, foi o último dia da semana; e, a partir da ressurreição de Cristo, foi mudado para o primeiro dia da semana, o que na Escritura é chamado de Dia do Senhor, e deve continuar até o fim do mundo como o Sábado Cristão; sendo abolida a observação do último dia da semana.

8. Este Shabat é assim santificado ao Senhor quando os homens, tendo devidamente preparado os seus corações, e ordenação os seus assuntos comuns de antemão, não apenas observam um santo descanso todo o dia a partir de suas próprias obras, palavras e pensamentos sobre suas ocupações e recreações mundanas; mas também dedicam todo o tempo em exercícios públicos e privados de Seu culto e nos deveres de necessidade e misericórdia.

Batistas Particulares

7. Pelo desígnio de Deus, há uma lei da natureza que, em geral, uma proporção do tempo seja destinada ao culto a Deus; dessa forma, em Sua Palavra, por um preceito positivo, moral e perpétuo, válido a todos os homens em todas as eras, Deus particularmente nomeou um dia em sete para um descanso, para ser-Lhe santificado,28 que desde o início 

do mundo até a ressurreição de Cristo, foi o último dia da semana; e a partir da ressurreição de Cristo foi mudado para o primeiro dia da semana, o que é chamado de dia do Senhor,29 e deve continuar até o fim do mundo como o sabbath cristão; sendo abolida a observação do último dia 

da semana.

8. O sabbath é assim santificado ao Senhor quando os homens, tendo devidamente preparado os seus corações e ordenado os seus assuntos comuns de antemão não apenas observam um santo descanso durante todo o dia a partir de suas próprias obras, palavras e pensamentos sobre suas ocupações e recreações mundanas,30 mas também dedicam 

todo o tempo em exercícios públicos e privados de Seu culto 

e nos deveres de necessidade e misericórdia.31

28 Ex 20:8; 29 1Co 16:1-2; Atos 20:7; Apocalipse 1:10; 30 Is 58:13; Ne 13:15-22; 31 Mt 12:1-13

No Catecismo Batista: 

Pergunta 65: Que dia dentre sete Deus designou para ser o Sabbath semanal?

Resposta: Desde a criação do mundo até a ressurreição de Cristo, Deus designou o sétimo dia da semana para ser o Sabbath semanal1 ; e desde então, o primeiro dia da semana, que deve continuar até o fim do mundo, o qual é o Sabbath Cristão.2

1 Gn 2:3; 2 Jo 20:19; At 20:7; 1 Co 16:1-2; Ap 1:10

Pergunta 66: Como o Sabbath deve ser santificado?

Resposta: O Sabbath deve ser santificado por um santo repouso por todo aquele dia1, mesmo daqueles atividades seculares e recreações que são lícitas em outros dias2, e durante este dia, todo o tempo deve ser gasto em exercícios públicos e particulares de adoração a Deus3, com exceção daquele tempo que for destinado a praticar obras de necessidade e 

misericórdia.4

1 Lv 23:3; 2 Is 58:13-14; 3 Is 66:23; 4 Mt 12:11-12

A mesma teologia e teor puritanos são seguidos pela Confissão de Fé de New Hampshire:

15. Do Sábado Cristão 

Cremos que o primeiro dia da semana é o dia do Senhor, ou o sábado cristão78; e deve ser mantido sagrado para propósitos religiosos79, pela observância devota de todos os meios de graça, tanto privados80 quanto públicos81; e pela preparação para aquele repouso que restará para o povo de Deus.82

78 At 20.7, Gn 2.3, Cl 2.16-17, Mc 2.27, Jo 20.19, 1Co 16.1-2; 79 Ex 20.8, Ap 1.10, Sl 118.24; 80 Sl 119.15; 81 Hb 10.24-25, At 11.26, 13.44, Lv 19.30, Lc 4.16, At 17.2-3, Sl 26.8, 87.3; 82 Hb 4.3-11

Metodistas

A posição Metodista quanto ao Dia do Senhor, embora não tão expressamente declarada nas suas primeiras confissões e catecismos, como as dos puritanos e demais, tem um teor similar ao dos reformados e puritanos:

Catecismo Metodista:

Contra a Quebra do Sabbath

Vocês trazem mais ira sobre Israel, em profanar o Sabbath Ne 13.18

E quando os filhos de Israel estavam no Egito, eles encontraram um homem colhendo estacas no dia de sabbath. E o Senhor disse a Moisés que o homem deveriam morrer; toda a congregação deveria apedrejá-lo com pedras, fora do arraial. E toda a congregação saiu para fora do arraial, e o apedrejou com pedras, e ele morreu, como o Senhor mandou. Nm 15.32-36.

Ainda hoje o mesmo teor e força reformada-puritana existe  confessionalmente, a mesma doutrina e prática, como é observado na Confissão de Fé Metodista:

Artigo 14 — Do Dia do Senhor

Nós acreditamos que o Dia do Senhor é divinamente ordenado para adoração pública e privada, para descanso de toda obra desnecessária, e deve ser devotado para o crescimento espiritual, para a comunhão e serviços cristãos.É a comemoração da ressurreição do Senhor e é um emblema do nosso descanso eterno. É essencial para a permanência e crescimento da Igreja Cristã, e importante para o bem-estar da comunidade civil.

Batistas do Brasil

A posição da Convenção das Igrejas Batistas do Brasil é a mesma posição reformada comum, afirmando o Dia do Senhor no Domingo, por meio do culto a Deus e maior esforço nas atividades espirituais, como também o cessar do trabalho e das recreações que podem atrapalhar ao culto:

X – O Dia do Senhor

O domingo, dia do Senhor, é o dia do descanso cristão satisfazendo plenamente a exigência divina e a necessidade humana de um dia em sete para o repouso do corpo e do espírito.1 Com o advento do Cristianismo, o primeiro dia da semana passou a ser o dia do Senhor, em virtude de haver Jesus ressuscitado neste dia.2 Deve ser para os cristãos um dia de real repouso em que – pela frequência aos cultos nas igrejas e pelo maior tempo dedicado à oração, à leitura bíblica e outras atividades religiosas – eles estarão se preparando para “aquele descanso que resta para o povo de Deus”.3 Nesse dia os cristãos devem abster-se de todo trabalho secular, excetuando aquele que seja imprescindível e indispensável à vida da comunidade. Devem também abster-se de recreações que desviem a atenção das atividades espirituais.4

1. Gn 2.3; Ex 20.8-11; Is 58.13-14 2. Jo 20.1,19,26; At 20.7; Ap 1.10 3. Hb 4.9-11; Ap 14.12,13 4. Ex 20.8-11; Jr 17.21,22,27; Ez 22.8

Tabela Comparativa das Posições Confessionais

Referências

Bíblia ACF

Santo Inácio de Antioquia: Carta aos Magnésios. (cristianismo.org.br)

DIDAQUE_-_A_Instrucao_dos_Doze_Apóstolos (spurgeonline.com.br)

Justino_de_Roma_IApologia.pdf (monergismo.com)

Sabbath (The Lord’s Day) — Church Fathers

São Boaventura, Conferência sobre os 10 Mandamentos, sobre o 3° Preceito

The Large Catechism, Luther

Portal Luteranos | A Confissão de Augsburgo

Primeiro Livro de Oração Comum

Helvetic Confessions – Wikipedia

Segunda Confissão Helvética (monergismo.com)

Anexo aos cânones de Dort, Do Sabbath, Artigo 6

Confissão de Fé de Westminster (monergismo.com)

Declaração De Fé E Ordem De Savoy de 1658 — Reformata Publishing House (editorareformata.com)

Confissão-de-Fé-Batista-de-1689-Um-Catecismo-Puritano-por-C.H.-Spurgeon-Versão-EC (oestandartedecristo.com)

O Catecismo Batista de William Collins e Benjamin Keach, 1693 | O Estandarte de Cristo

William Capers, 1790-1855. Catechism for the Use of the Methodist Missions. First Part

Confession of Faith of The Evangelical United Brethren Church (umc.org)

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