Atenágoras de Atenas
(Extraído de Petição em Favor dos Cristãos, Cap 17)
Quanto às suas imagens, enquanto não existiam a pintura, a plástica e a escultura, não eram sequer concebíveis. Foi na época de Sáurio de Samos, de Cráton de Sicião, de Cleantes de Corinto e de uma moça coríntia que foi inventada a representação das figuras, quando Sáurio delineou um cavalo ao sol; a pintura foi quando Cráton recobriu de cor, em uma tábua branca, as figuras de um homem e de uma mulher. A fabricação de bonecos foi inventada pela moça: enamorada por um homem, delineou, enquanto dormia, a figura dele na parede; depois, o seu pai, satisfeito com a exata semelhança (sabe-se que ele trabalhava com argila), a esculpiu, enchendo o contorno de barro. A imagem ainda é conservada em Corinto. A esses sucederam Dédalo, Teodoro e Smilis, que inventaram a escultura e a plástica. Na verdade, as imagens e fabricação dos ídolos têm tão pouco tempo que é possível indicar o artífice de cada deus. Assim, foi Endoio, discípulo de Dédalo, que fabricou a estátua de Ártemis em Éfeso, a de Atenas (ou melhor, de Atela, pois assim a chamam os que falam misteriosamente… falo, portanto, da antiga estátua de oliveira), e até da Sentada; Apolo Pítio é obra de Teodoro e de Télecles; Délio e Ártemis são arte de Tecteu e de Angelião; a Hera de Argos e a de Samos saíram das mãos de Smilis; os demais ídolos são de Fídias; a segunda Afrodite é obra de Praxíteles; o Asclépio de Epidauro é obra de Fídias. Numa palavra, nenhum dos ídolos pode escapar de ser fabricado por homens. Ora, se são deuses, como não existiam desde o princípio? Como são mais recentes que aqueles que os fabricaram? Que necessidade tinham, para nascer, dos homens e da arte? Tudo isso, porém, é apenas terra, pedras, matéria e arte supérflua.