O Arminianismo e a Expiação: John Murray

O Arminianismo e a Expiação
John Murray

 

Expiação é para ser definida em termos de sacrifício, reconciliação, satisfação da justiça divina, quitação de dívida, e assim definida é para aqueles que Deus predestinou para a vida, chamados de eleitos. Eles são salvos porque Cristo pela sua obra redentora assegurou sua salvação. Os finalmente perdidos não estão dentro da abrangência do qual Ele(Cristo) assegura, chamado a redenção trabalhada por Cristo. É só aqui que a diferença entre Arminianismo e Calvinismo pode ser mais claramente definida. Cristo morreu e ofereceu si mesmo como um sacrifício a Deus para fazer a salvação possível a todos os homens, ou Ele ofereceu si mesmo como um sacrifício a Deus para assegurar infalivelmente a salvação do Seu povo? Arminianos professam a primeira e negam a última; nossos padrões em concordância, como nós acreditamos, com a Sagrada Escritura ensinam a última.

O termo expiação “limitada” tem gerado muito culpa. Ele pode realmente não ser a terminologia mais afortunada. É possível de mal entendidos e falsas declarações. Por esta razão alguns podem preferir os termos expiação “definida” ou “particular”. Mas o que nós particularmente insistimos em defender é que esse termo historicamente usado denota, e que se o desuso do termo “limitado” é calculado a criar a impressão que nós temos renunciado a doutrina do qual o termo é o símbolo, se em outras palavras o desuso é calculado para aplacar os inimigos da nossa Fé Reformada, então nós devemos recusar resolutamente refrear o seu uso. A expiação é limitada, porque na sua precisa intenção, sentido e efeito é para aqueles somentes que estão destinados no determinado propósito de Deus para salvação eterna. Nós podemos glorificar a Deus porque esta não é uma pequena empresa, mas uma multidão de que ninguém pode contar de todas as nações, raça, povo e língua.
Não pense que o arminiano por sua doutrina escapa da expiação limitada. A verdade é que ele professa uma doutrina desprezível da expiação limitada. Ele professa uma expiação que é tragicamente limitada na sua eficácia e poder, uma expiação que não assegura a salvação de ninguém. Ele, na verdade, elimina da expiação o que a torna supremamente preciosa para o coração do cristão. Nas palavras de  B. B. Warfield, “a substância da expiação é evaporada, para que possa ser dada uma referência universal”. O que nós queremos dizer é que, a menos que nós recorramos à posição da restauração universal de toda raça humana —  uma posição contra a qual o testemunho da escritura é decisivo — uma interpretação da expiação em termos universais deve anular o próprio caráter substitutivo e redentor. Nós devemos tomar nossas escolhas entre a extensão limitada e uma eficácia limitada, ou melhor entre uma expiação limitada e uma expiação sem eficácia. Ele salva infalivelmente os eleitos ou na verdade não salva ninguém.

É algumas vezes objetado que a doutrina da expiação limitada torna a pregação da salvação total e gratuita. Isso é totalmente falso. A salvação realizada pela morte de Cristo é infinitamente suficientemente e universalmente adequada, e pode ser dito que sua infinita suficiência e perfeita adequação fundamenta uma bona fide oferta de salvação para todos sem distinção. A doutrina da expiação limitada mais que a doutrina da eleição soberana não coloca uma cerca sobre a oferta do evangelho. A pregação do evangelho oferecendo paz e salvação por meio de Jesus Cristo é para todos sem distinção, embora seja verdadeiramente do coração da eleição soberana e da expiação limitada que este fluxo de graça universal oferecido flui. Se nós podemos mudar a imagem, é sobre o cume da onda da soberania divina e da expiação limitada que a oferta plena e gratuita do evangelho quebra em nossas costas.
A oferta da salvação para todos é bona fide.Tudo que é proclamado é absolutamente verdade. Todo pecador crente irá infalivelmente ser salvo, pois a veracidade e o propósito de Deus não pode ser violado.

A crítica que a doutrina da expiação limitada impede a livre oferta do evangelho descansa sobre uma profunda falta de compreensão como se a garantia da pregação do evangelho e até mesmo do ato primário da fé em si na verdade.
A garantia não é que Cristo morreu por todos os homens, mas sim o chamado universal, a exigência e promessa do evangelho unida com a perfeita suficiência e cabimento de Cristo como Salvador e redentor. O que o pregador do evangelho exige no nome de Cristo é que o pecador perdido e desamparado se comprometa com o Salvador todo-suficiente com o pedido de que, assim, recebendo e descansando sobre Cristo somente para a salvação, ele certamente será salvo. E que o perdido pecador faça isso com base na garantia da fé que é comprometer-se com esse Salvador que lhe assegura que, se ele crer, ele será salvo. O que ele acredita, então, na primeira instância não é que ele foi salvo, mas que crendo na salvação de Cristo ele se tornará. A convicção que Cristo morreu por Ele, ou em outras palavras, que ele é um objeto do amor redentor de Deus em Cristo, não é o ato primário da fé. Isso geralmente, está na consciência do crente tão intimamente ligado ao principal ato de fé que ele não pode estar consciente da distinção lógica e psicológica. Mas, no entanto, o primeiro ato da fé é auto-comprometido com o Salvador suficiente e adequado, e a única garantia para essa confiança é a oferta indiscriminada, plena e gratuita de graça e salvação em Cristo Jesus.


* Parte de um artigo que é formado por uma série da caneta de Murray intitulada ‘The Reformed Faith and Modern Substitutes’ no The Presbyterian Guardian, 1935-36.

 

Traduzido de https://www.the-highway.com/sufficiency.html

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